RIO - Sempre que é para fazer um test-drive com cabelos me sinto a mais orgânica das mulheres: recuso tudo o que leva química. Não mexo na cor porque depois não dá para voltar atrás e fujo das escovas progressivas porque já vi amiga ficar com o cabelo muito pior do que era. Também não ando testando cortes porque me tornei fiel à tesoura do meu cabeleireiro. Mas fui com um sorriso do canto ao outro da boca testar um aplique feito com fios humanos do estúdio JakBell, em Copacabana, e saí mais feliz ainda. O resultado ficou lindo e ninguém - mulheres, marido, mães, irmãs, comadres - sabia dizer o que tinha acontecido comigo. Só repetiam que o cabelo estava ótimo e lindo (ou seja, perfeito no quesito naturalidade, coisa que prezo). No item praticidade, outro que tenho na mais alta conta, também foi perfeito: sem precisar de grampos nem da ajuda de ninguém, consegui encaixar um pouco acima de onde começa a testa o singelo fio de nylon (ajustável ao diâmetro da cabeça) que sustenta o aplique em menos de cinco minutos.
O aplique, no meu caso, foi feito para dar mais volume nas pontas do cabelo, que já estavam sem corte e muito desarrumadas. Para sair à noite - festa, jantares, casamentos - é uma solução rápida, prática e perfeita. O cabelo está sempre lindo, escovado, cheio de brilho sem uma única ida ao salão. Mas também adorei saber que é uma ótima opção para pessoas que têm pouco cabelo ou ele é ralo demais, e para aquelas que são submetidas a tratamentos que provocam a queda.
Quem analisou os meus fios foi Hélcio Fiszpan, neto de Hercko Fiszpan, que trouxe para o Brasil técnicas mais refinadas de confecção de perucas, e filho de Jakob Fiszpan, também artesão de madeixas. Hélcio analisou a cor do meu cabelo, a ondulação e o comprimento dos fios. Além de anotar as características, cortou um chumaço de uma parte mais interna (imperceptível, garanto!) para servir de base para a busca dos fios perfeitos para montar o aplique e ainda fez uma foto para se lembrar da cor.
Depois, a equipe de Hélcio fez uma pesquisa no banco de cabelos do JakBell para encontrar aquele mais próximo do meu. A etapa seguinte é a montagem do aplique, numa espécie de laboratório onde costureiras superespecializadas trabalham com cabeças de manequins para dar formato à tela onde depois vão costurar pequenos tufos - à mão ou à máquina - até a montagem completa. Cerca de 15 a 20 dias depois o aplique está pronto.
Fiquei muito impressionada com o fato de todos os fios serem humanos (e virgens, isto é, nunca são reaproveitados) e de como cada construção de aplique é feita de modo artesanal. É quase como uma costura fio por fio. Acredito que o resultado acabe sendo tão natural e perfeito por isso. E é claro que esse cuidado todo acaba encarecendo o produto.
O meu aplique, bem trabalhoso devido a particularidades da cor natural do meu cabelo e da sua textura, sai por cerca de R$ 4 mil, com 31 centímetros de comprimento. Há, no entanto, outros na faixa de R$ 2 mil. E até alguns já prontos, como rabos de cavalo incríveis para usar na hora de ir a uma festa, com 40 centímetros, por R$ 1.200. Pensando que é um produto para durar a vida toda - o aplique exige alguns cuidados na sua conservação: deve ser guardado numa caixa, precisa ser lavado e até hidratado artificialmente uma vez a cada dois meses e pode ser reformado -, por que não ter mais de um?
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