É só a gente bater o olho em uma novela e pronto. Lá está ele, o megahair. E se você é daqueles que associam o recurso àquelas cabeleiras enormes, geralmente com cachos nas pontas, pode ir tratando de se atualizar. Sim, ele pode estar escondidinho em uma madeixa, em uma franja mais lateral, ou até mesmo naquelas pontas desfiadas de causar inveja. Não é à toa que o mega está presente na cabeça de cerca de 20 atrizes no ar atualmente na TV.
De Guilhermina Guinle, em "O Astro", a Claudia Ohana, em "Cordel encantado", todas lançaram mão dessa técnica. E não foram elas apenas. Em "Fina estampa", o megahair fez até a cabeça de Wolf Maya, que ganhou mais volume nos cabelos para viver Álvaro na trama. Diante desse boom, surgem as perguntas: por que ter essa cabeleira toda se tornou tão fundamental? Sem ela, estaria comprometido o bom desempenho do personagem dentro da história?
Flávio Priscot, que assina o visual de Heloísa Périssé, em "Cordel", e de Adriana Birolli, Juliana Knust e Christiane Torloni, na faixa das 21h, responde com outra pergunta:
- Por que deixar o cabelo natural se a gente pode mudar, desfilar com uma cabeça deslumbrante por aí?
O profissional, que não se intitula cabeleireiro, tampouco um hair stylist, mas um artista, realça que o cabelo de Adriana, por exemplo, não teria uma "estrutura natural" para usar franja, o que só se torna possível com o megahair. Já Christiane, segundo ele, ganhou melenas típicas de uma perua.
- Ela estava com o cabelo curto e eu, sinceramente, não vejo uma perua com um corte chanel andando por aí - defende.
Já Neandro Ferreira, autor dos curtinhos mais ousados de Milena Toscano e Julia Lemmertz na novela de Aguinaldo Silva, vai por outro caminho. Na sua opinião, a tendência atual é o "estilismo capilar", ou seja, um corte moderno, natural e bonito, que não exija idas mensais ao cabeleireiro. Mas Neandro entende que o megahair pode facilitar a vida das atrizes.
- A Globo abrange o Brasil inteiro. E aqui ainda temos muito a cultura de que mulher tem que ser gostosa e ter cabelo grande. Eu, particularmente, não gosto do fake. Acho que todas têm sua beleza natural - afirma.
Gilvete Santos, supervisora de caracterização da trama das 18h, não faz média: para ela essa técnica é a melhor coisa já inventada até hoje. Principalmente, para quem faz personagem de época. Na novela, a lista de atrizes que ganharam novas mechas é grande: além de Heloísa e Claudia, há Nanda Costa, Luana Martau e Paula Burlamaqui, sem falar em Nathalia Dill, Bianca Bin e Emanuelle Araújo, que ganharam megahair no início e, agora, usam um aplique apelidado "tic tac" - colocado e tirado diariamente. Contudo, Gilvete alerta que não é todo mundo que fica bem com cabelos aplicados:
- Se for mal colocado ou se não combinar com quem vai usar, fica over.
Vavá Torres, responsável pela caracterização dos folhetins da Record, concorda que os cuidados devem ser redobrados para que o excesso capilar não saia do contexto.
- O principal é a textura. Caso seja diferente do cabelo da atriz, parece peruca. Fora isso, elas têm que ter cuidado para pentear, não podem dormir com o cabelo molhado e devem usar leave in( um creme hidratante sem enxágue). Algumas só colocam por vaidade, mas não se adaptam - entrega ele, que cuidou de Vanessa Gerbelli e Letícia Colin, ambas em "Vidas em jogo".
Acostumada há dez anos com cabelos curtíssimos, Guilhermina Guinle explica que sentiu necessidade de exibir longos fios para viver Beatriz, de "O Astro".
- O figurino dela é ousado, decotado. O comprimento maior combina com essa sensualidade. E tem isso de que brasileira não gosta de cortar o cabelo - diz ela, dona, agora, de um estoque de escovas e pentes.
Intérprete de Natalia, em "Morde & assopra", Carol Castro também acha que o cabelão casa melhor com a personagem, uma moça do interior que não é escrava da vaidade:
- Não combinava ela ter um cabelo bem cortado - explica a atriz, que já usou megahair várias vezes: - É desconfortável no início, mas fica bem natural.
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